CANTO DE BEM-TE-VI

Por que será
Que o bem-te-vi
sempre canta
Depois que a chuva passa?
Será para nos dar
O ar da sua graça
Ou pra outro Bem-te-vi
Responder de lá
Bem-te-vi
Bem-te-vi
E o outro, responder de cá
Bem-te-vá
Bem-te-vá
Que a chuva acaba de passá?

Onde anda o Tesourinha?
Alguém viu ou ouviu
o canto tzig, tzig..
enquanto do seu bico
a semente limpava
já se viu ave mais linda
e educada?

E que casaca linda
parece usar
de calda preta e longa
parece um pinguim a voar

Ou talvez esteja ali
com data marcada
a espera da noiva
para uma nova revoada

Nessa época
elas migram em bandos
são centenas de aves voando
com seus tzig, tzig, tzig...

Onde estão os Tesourinhas?
Já bateram em revoada

NOSSA RELAÇÃO COM AS BORBOLETAS
NÃO VEM SENDO DAS MELHORES

O BEIJA-FLOR E O CHICLETE

NA FLORESTA TODOS COMENTAM
DA ONÇA AO BEM-TE-VI
A MORTE DO BEIJA-FLOR
INEXPLICÁVEL ASSIM

DIZEM QUE ELE BICOU
EM ALGO APETITOSO
UMA DELÍCIA AOS HOMENS
COM GOSTO BEM SABOROSO

AO BICAR ESSA DELÍCIA
MAL SABIA A AVEZINHA
QUE TERIA O SEU BICO
PRESO NUMA ARMADILHA

A GOMA DE MASCAR
QUE O PEDRINHO
ALI JOGOU
FOI DE FATO
A CAUSA DA MORTE
DO ENCANTADOR BEIJA-FLOR!

AH! SE VOCÊS SOUBESSEM
A GRANDE DOR
NÃO PODER ABRIR O BICO
E MORRER ALI SUFOCADO
POR TER SEU BIQUINHO
TOTALMENTE ENROLADO
NUM PEDAÇO DE CHICLETE
DE UM MENINO MAL EDUCADO?

ESSA É PARA REFLETIR
E PENSAR COM TODO CUIDADO
POIS HÁ MUITO ADULTO POR AI
QUE TAMBÉM FAZ TUDO ERRADO

SALVEM OS BEIJA-FLORES DESTE CRUEL DESTINO, JOGANDO O SEU CHICLETE MASCADO, NUM PAPELZINHO EMBRULHADO, NA LATA DE LIXO!

Piano virtual

DO RE MI FA
FA FA
DO RE DO RE
RE RE
DO SOL FA MI
MI MI
DO RE MI FA
FA FA

MEU TSURU

Dobrei um papelzinho


Ponta com ponta


Cantinho com cantinho


Olhando no diagrama


Fiz tudo direitinho.


No final


Saiu um passarinho!


E voou tão rápido


Foi parar lá no Japão...


Meu Tsuru


Eu Juro!

ALGODÃO DOCE

Abre a boca

Lambe a mão

Gruda logo no algodão

Olha o barulho

Do moço

Anunciando no portão

Olha o algodão doce!



Tem o rosa

Tem o azul

Tem o branco

Mas estou na dúvida

será que estou comendo

um pedacinho da nuvem

enrolada num palito?



E o vendedor é um anjo

Que desceu do céu

Num arco-íris

E mora além do infinito?

Gata sem nome

Uma gata,
gatona,

Gatinha

De tão amada,

dorme no pufe

da sala.

Uma gata

Assim amada

Petisca, lambisca

Arrisca e ganha:

_salmão assado_

A danada!

Arisca a gata

Arranha e dorme

Espreguiçando

Um sono

De uma gata

Que é amada!

No pufe da sala

Mostra as suas garras...

E todos riem

E dizem

_Que bela gata!

DO CAMPO - GESOLDA

Pela estrada afora...

"GESOLDA"?!?!

Gesolda não é nome de placa

Gesolda é sim

O nome que se dá a uma vaca

E foi pensando assim

Que vaca teria esse nome?

Gesolda seria uma vaca

Dessas malhadas

Com um sino no pescoço

E as tetas cheias de leite

Deveria estar no pasto

Como qualquer outra vaca

A viver a vida

Como quem quer nada

Porque se tem uma vida

Que seja boa

Deve ser a vida da vaca

E Gesolda pasta ali

Que vaquinha danada!

A GARÇA SOBERBA

Por que uma "Garça"

recusaria

uma Tilápia

fresquinha, fresquinha?



Talvez porque estivesse

com a barriga cheinha.

Ou então, por ser orgulhosa,

faria ela mesma

a pescaria.



Mas, se de repente, aceita...

Coitadinha da tilápia

desce goela abaixo

e quase a "Garça" é que morre

engasgadinha.



Soberba e soberana

aquela "Garça"

faz gracinha

enquanto se debate

a Tilápia

puro sashimi

vivinho, vivinho,

dentro do esbelto corpinho.



Cardápio para garças

privilegiadas

que vivem em condomínios!

Rita de Cássia Minuncio

A ABELHA E O GATO

Uma abelhinha zunindo


Passou pertinho do gato


Esse respondeu rápido


Num longo e alucinante miado.






A abelha assustou


Que quase paralisou


No voo desgovernado


Se voltou e picou o gato






Quem mandou ser abusado


E fazer tão alto miado?


Assustou a abelhinha


Por isso foi picado.






Porém o gato esperto


A derrubou com a pata


A abelha foi ao chão


Tonta e muito abalada.






Quem mandou a abelhinha


Picar o gato parado?


Ela que fosse colher


O néctar da flor ao lado.






O gato miou mais forte


Com aquele ferrão


E a abelhinha morreu


Caída ali no chão.

Rita de Cássia Minuncio

TODO TEMPO

Todo o tempo do mundo


para sair da casca


e desvendar o mundo


(tartaruga)




Todo o tempo do mundo


Para ir do jardim


ao outro lado do muro


(caramujo)




Todo o tempo do mundo


para atravessar o deserto


armazenando água na corcova


(camelo)




Todo o tempo do mundo


para equilibrar na ponta do pé


na sapatilha que elegantemente se eleva


(bailarina)




Todo o tempo do mundo


para trazer seu calor


sem pestanejar ou culpar o Criador


(Sol)




Todo o tempo do mundo


no tempo do Dono do mundo


que gira, gira, gira...

Rita de Cássia Minuncio

Bando aqui, bando ali

Lá vem um sagui

dois saguis

três saguis

quatro saguis

cinco saguis.



O que eles querem aqui?

Alguém deixou uma banana.

Lá vai um sagui

dois saguis

três saguis

quatro saguis

cinco saguis.

O que eles viram ali?

Um deles fugiu com a banana.

Lá se foram todos os saguis

de galho em galho

bem camuflados

uma hora, um rabo

outra hora, um grito

de repente

um, dois, três, quatro, cinco saguis.

RITA DE cassia MINUNCIO